Sempre que vejo uma vasilha de água ou ração na porta de uma casa, imagino logo que ali mora uma família abençoada. É o sinal de que, naquela casa, alguém se preocupa em, no mínimo, alimentar um lobo errante.

Os perigos da rua são muitos, mas seria muito bom se, no mínimo, não morressem de fome e sede.

Normalmente, onde encontramos uma vasilha também encontramos os maiores tesouros da terra.

Ao ver aquela vasilha de água na calçada de uma casa muito, mas muito humilde, imaginei que por ali, um lobo qualquer estivesse fixando moradia. Embora não houvesse abrigo, havia comida.

Não precisei procurar muito até perceber onde estava a toca. Debaixo de uma moita de capim alto, encolhido e tremendo de frio em razão de uma forte tempestade que iniciava, foi possível ver as manchas brancas e pretas de um cãozinho pequeno, assustado e arredio.

Ofereci um punhado de ração que ele cheirou sem muito interesse, indicando que estava alimentado. Estendi os braços e o tirei de seu refúgio.

Deparei-me com um filhotinho de pouco mais de 4 meses, já trocando os dentes, mestiço de Basset, e bem pequenino.

Chamei no portão da casa onde ele estava e conheci o Sr. José, morador do local, e que o estava alimentando desde que apareceu ali, há uns dois dias. Este senhor, muito humilde, explicou que ele havia aparecido e ninguém sabe de onde veio. Que desde então fixou morada na porta de sua casa, em razão da comida e água que lhe eram oferecidas, mas que não tinha condições de acolhê-lo.

Fizemos o resgate e o levamos a uma clínica veterinária, onde recebeu vacinas, vermífugo e um completo tratamento contra as pulgas e carrapatos que já indicavam início de infestação.

Na clínica, ainda se mostrava arredio. Tremia de medo e frio. Ele não sabe que nasceu pra uma vida cheia de alegrias e brincadeiras. Não aprendeu a brincar, nem foi socializado com pessoas. Infelizmente, ao final de 4 meses de vida, ele só conheceu o abandono.

Era certo que não estava nas ruas há muito tempo, pois não tinha idade pra sobreviver sozinho. Mas era certo também que um filhote daquela idade não poderia ser tão arredio, a menos que tenha sido muito maltratado. A vida lhe ensinou que humanos são ruins, que batem, assustam, maltratam.

Por sorte, ele é apenas um filhote e, de agora em diante, conheceria uma nova realidade. Descobrirá que nasceu pra dividir a vida com humanos. Saberá o que é afeição, carinho, zelo e brincadeiras. Terá brinquedos, casinha quente e seca, comida saborosa e bons amigos.

Estava em plena forma, esbanjando saúde e pronto pra começar de novo. E que venha o adotante que ele merece.

O adotante chama-se Ramom. Há muito reivindicava um filhote com energia e disposição para brincadeiras. Esse filhote só poderia ser o Rick. Eles se conheceram na Clínica, oportunidade em que se encantou com o pequeno. Além do Ramom, o Rick ainda teria uma amiguinha canina, uma pequena Pinscher, também encontrada na rua, perdida.

O Ramom é parte de uma geração que veio pra fazer tudo diferente. Sua mãe, Sheila, que trabalha na Veterinária Alípio de Melo, é a primeira a incentivá-lo a amar e respeitar os animais. Ele é a prova de que não estamos sonhando. Virá o dia em que todos os humanos sobre a terra serão protetores de animais.

O Rick, do dia do resgate até a adoção, ficou hospedado na Veterinária Alílio de Melo, onde foi examinado, recebeu todo o tratamento de que precisava, vacinas, vermífugos e banhos. Agradecemos à Dra. Cíntia e sua equipe.

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