A existência de zoológicos começa a ser colocada em xeque mundo afora. O nascimento de gorilas no zoo de BH contribuiu para que essa discussão chegasse até aqui. Podemos refletir sobre esta questão sob um ponto de vista bem menos simplista do que o senso comum nos faz pensar. Deixo aqui alguns pontos para essa reflexão.

Zoologico 41 –  em primeiro lugar, se os animais estão em risco de extinção, quem você acha que é o principal responsável por isso?

2 – os animais estão lá por opção? Já refletiu sobre o quanto nossa espécie é antropocentrista, especista, escravagista, utilitarista? Se não, que tal nos lembrarmos do que já fizemos com os índios, os judeus, os negros africanos, as mulheres, e tantas outras formas de dominação ao longo de nossa história humana! Será que podemos pensar e desejar um mundo sob o prisma de uma ética mais biocêntrica, em vez desse nosso antropocentrismo utilitarista, que acha que os animais estão aqui para nos servir e que podemos fazer com eles o que bem quisermos?

3 – a solução para que uma espécie não seja extinta é ter seus indivíduos arrancados de seu habitat e do convívio com seus semelhantes, serem transportados entre continentes, com todo o estresse e medo que isso possa lhes causar, serem trancafiados em jaulas, ficarem deprimidos e incomodados o tempo todo por seres a eles estranhos, que representam-lhes uma ameaça constante? Como você se sentiria se um belo dia ET’s achassem que você está em perigo de extinção, viessem aqui, capturassem-no e o mantivessem preso e em exposição para outros curiosos ET’s? ( Sabia que num passado não muito distante, crianças negras eram mantidas em cercados para serem “observadas” por suecos curiosos)?

4 – por que você acha que muitas pessoas vão aos zoológicos? para ajudar uma espécie em extinção? porque sentem compaixão pelos animais e os respeitam enquanto seres que existem por suas próprias razões?

5 – você acha mesmo que boa parte das pessoas que se dizem defensoras do meio ambiente:

– fazem-no porque estão preocupadas com o planeta e todos os seres que nele habitam?

– consideram que os animais também tem o direito de dividir conosco esse mundo?

– conseguem pensar que muitos deles estavam aqui muito antes do homem?

– ou o fazem porque essas pessoas (e seus descendentes) precisam da água, do ar, das plantas etc…? você não acha isso bastante UTILITARISTA,  essa ética que se julga no direito de aprisionar e usar outras espécies para o nosso bel-prazer? A diferença das jaulas dos zoos para as gaiolas de pássaros, tão comuns nas casas, não estaria basicamente no seu tamanho? Tudo bem então ter escravos?

6 – você já ouviu falar em santuários (para recuperação de animais traficados pelos humanos, até serem curados (os que conseguirem) e reintroduzidos no seu habitat natural? Lá não há visitas de curiosos e os animais não são expostos em vitrines.

7 – existe uma fábula bem interessante que aborda uma estória de um macaco que vê um peixe dentro do rio. Imaginando que o peixe esteja sentindo frio, o macaco o retira da água, coloca-o no colo e o aquece bem entre seus pêlos.

Mesmo  após constatar que o peixe não resistiu, o macaco ainda continua achando que fez o melhor para o peixe, e que ele morrera porque não resistiu ao frio no rio.

Alguma coisa parecida com retirar um urso polar e o levar para um zoo em um país quente? ou um pinguim? ou um gorila de uma floresta africana?

Texto: Antônio Brito: britoalmg@gmail.com

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O texto acima é uma contribuição do amigo Antônio Brito, ativista, protetor de animais e apoiador do Projeto O Lobo Alfa.

Precisamos repensar. Que as pessoas entendam que Educação Ambiental não se faz aprisionando animais, expondo-os em vitrines, suprimindo seus instintos.

Que sejamos coerentes, que abandonemos a hipocrisia. Precisamos assumir que zoológicos são mantidos para entretenimento e quem os frequenta, está ali com o único propósito de saciar curiosidade, ou sadismo.

Nada se aprende em um lugar onde animais são mantidos enjaulados. Não será visitando um zoológico que ensinaremos “educação ambiental” aos nossos filhos.

A pergunta que fica é: Temos esse direito?

Abaixo, algumas cenas que os visitantes não vêem.

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Idi Amin sempre foi a atração principal do zoológico de Belo Horizonte. Ele morreu aos 38 anos, em depressão profunda. Pra quem tinha olhos de ver, ele sempre foi o animal mais triste daquele lugar.

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