Por oito meses, de janeiro a agosto de 2013, vivemos a ilusão de que seria possível mudar, que havia vontade, e que o foco de todos era apenas os animais.

Descobrimos que há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia, mas nosso foco continuará sendo exclusivamente os animais.

Como de todas as outras vezes, não é nossa intenção apontar o dedo ou criticar quem quer que seja. Cada um faz o que pode ou o que quer. O julgamento da vida é sempre mais eficiente.

Pra quem chegou agora e quer se inteirar do assunto, seguem os links que mostram o passo a passo de todo o trabalho que foi feito junto à SMPA no primeiro semestre de 2013.

http://oloboalfa.com.br/smpa/

http://oloboalfa.com.br/smpa-parte-ii-vacinacao/

http://oloboalfa.com.br/smpa-parte-iv-feira-permanente/

http://oloboalfa.com.br/smpa-um-choque-de-realidade/

http://oloboalfa.com.br/smpa-os-enviados/

http://oloboalfa.com.br/smpa-o-resto-do-resto/

E a vida, sempre ela, sabe apontar o caminho, mesmo que seja aquele pelo qual nunca pensamos seguir.

Jamais teríamos desistido deles por vontade própria. Se nos afastamos, foi porque outros afazeres e desafios nos convocaram.

Foram cinco meses sem visitar a SMPA, sem conseguir, um só dia, esquecer aqueles que ficaram. Para cada animal que nos olhava com esperança e gratidão quando os escolhíamos, outros 200 se refugiavam nos fundos do canil, esperando pela próxima oportunidade.

Objetivamente, talvez nem fosse o momento de voltar. O trabalho com os Poodles ainda vai longe, novas etapas do Projeto O Lobo Alfa têm nos consumido um tempo que não temos e a frustração de não termos conseguido os resultados que esperávamos ainda não foi esquecida.

Mas a vida, sempre ela, sabe melhor do que todos nós quando é a hora.

Nesses cinco meses que se passaram, algumas coisas mudaram na SMPA, pra melhor (queremos acreditar nisso). O convênio da SMPA com o CCZ foi retomado e hoje aqueles animais têm melhores chances.

Hoje 90% deles estão castrados, microchipados, com exames negativos para leishmaniose e vacinados contra raiva, tudo isso feito gratuitamente pela Prefeitura de Belo Horizonte.

O controle de doenças foi finalmente assumido por voluntários que, semanalmente, pulverizam os canis com viricidas e desinfetantes, o que eliminou a proliferação desenfreada de doenças como cinomose, parvovirose e leptospirose. Há um bom tempo já não mais ocorrem por lá.

A alta mortandade de filhotes, que sempre foi o motivo de maior angústia daqueles que tentaram ajudar, hoje parece controlada. Baseamo-nos em informações recebidas lá mesmo, mas não encontramos, no canil dos filhotes ou na maternidade, nenhum pequeno que estivesse morrendo ou agonizando, como já ocorreu em outras ocasiões.

Nem tudo são flores, mas precisamos muito acreditar que as sementes plantadas há alguns meses não foram em vão.

Reiteramos que nosso foco continua sendo exclusivamente os animais. Àqueles que, em algum momento, fizeram mal a eles, por ganância, preguiça ou covardia, desejamos os rigores da vida.

O fato é que, apesar de tudo o que já foi feito e mostrado sobre os animais da SMPA, eles continuam sendo vítimas de preconceito. Eles continuam solenemente ignorados e esquecidos pela sociedade humana.

A SMPA continua recebendo novos animais, muitos deixados em sua porta. Os donos os amarram e viram as costas, despejando ali não apenas um animal indesejado, mas tudo o que poderia pesar na consciência, acreditando, por conveniência e covardia, que “estão em um bom lugar”.

Talvez seja preciso mostrar lágrimas de sangue pra acordar as pessoas. E que fique claro que a foto abaixo não é montagem e não passou por qualquer edição.

Há alguns dias, recebemos de um amigo um pedido para que ajudássemos a destinar, a favor dos animais da SMPA, recursos que haviam sido arrecadados entre um grupo de pessoas que, assim como nós, também não tinham esquecido os animais da SMPA.

Sabíamos que a maior necessidade deles era de vacinas, para que pudessem finalmente estancar o preconceito. Outros amigos também haviam manifestado o desejo de ajudar aquelas almas.

Com isso, reunindo todas essas vontades, foi arrecadado dinheiro suficiente para a compra das vacinas suficientes para todos os cães que tivessem condições de recebê-las.

Para fins de prestação de contas: Os recursos foram assim formados:

R$ 850,00. Valores arrecadados entre amigos de Leonardo Barrouin.

R$ 217,00. AMAA (Associação Matozinhense de Amparo a Animais). Saldo credor da campanha de vacinação realizada em Fevereiro de 2013.

R$ 500,00. Doação de Edwin Auza

R$ 391,40. Restante proveniente de vaquinha feita entre voluntários do Projeto O Lobo Alfa.

As vacinas, de primeira linha, foram compradas a preços subsidiados, graças à ajuda da Cão Viver que, mais uma vez, intermediou a compra junto a seus fornecedores. O valor total gasto foi de R$ 1.958,40, para 170 doses. (Preço unitário de R$ 11,52)

O valor gasto não foi maior porque as seringas descartáveis foram doadas pela própria Cão Viver.

Mesmo com 120 cães ocupando seus canis, a Cão Viver é dirigida por protetores que sabem que seus protegidos não são melhores que os 190 esquecidos da SMPA. Todos merecem as mesmas oportunidades.

Vacinas compradas, era hora de buscar ajuda de voluntários para o mutirão de vacinação. E bastaram alguns poucos dias circulando na rede e nosso pedido já tinha alcançado quase 20.000 pessoas.

Em um mutirão em um abrigo de animais, precisamos definir um número ideal de voluntários e respeitar o limite. Isso porque gente demais poderia causar tumulto e estressar os animais (que fique aqui registrado nosso muito obrigado a cada um que se ofereceu e manifestou o desejo de ajudar).

Os voluntários eram, em sua maioria, estudantes de veterinária. E as melhores faculdades estavam ali representadas.

Da PUC vieram a Isabela, Paloma, Ana Carolina e Aline Wilke. Da UFMG veio a Renata Bueno.

Além das estudantes de veterinária, Carolyne França, zootecnista, e a médica veterinária Andréa Kanstetter, que atende a domicílio e doou um dia inteiro de seu tempo pra ajudar aqueles animais.

Juntaram-se aos voluntários a Nélida, veterinária da SMPA, e Diego, funcionário da SMPA, a quem coube a função de se colocar na frente dos dentes mais nervosos pra que as meninas pudessem fazer o trabalho em segurança.

E nem só de agulhadas se fez aquela manhã de terça-feira. Muitos daqueles animais ganharam cuidados especiais, com afagos, atenção e até beijos.

Outro acaso do destino nos convocava a voltar. A Duda, que um dia retiramos da SMPA muito doente, logo depois de ter sido deixada na porta pelos antigos donos, hoje é parte da matilha do Projeto O Lobo Alfa.

Vendo-a brincar, correr, latir e até ajudar na recuperação de outros que por aqui chegaram depois dela, é impossível não pensar em quantas Dudas continuam sendo despejadas por lá.

Sabemos que a nossa Duda não deixou amigos ali, mas não precisamos de razões objetivas.

O fato é que o mutirão aconteceu e foi um sucesso, com 170 cães vacinados, mas a realidade deles continua sendo das mais angustiantes.

As vacinas são importantes, porém todo o esforço daqueles que tornaram isso possível não terá valido nada se aqueles animais não tiverem a oportunidade de deixar o abrigo.

Mais importante que aumentar a resistência deles a doenças e mantê-los saudáveis é retirá-los de lá. E pra isso, precisamos mostrar o que vimos.

De aproximados 110 cães que deixamos lá em agosto, hoje já tínhamos 190. Alguns morreram, outros foram adotados, mas um número ainda maior continuou chegando.

E é neles que precisamos focar. Percorremos os canis tentando reencontrar velhos conhecidos.

Daqueles vinte e poucos que foram castrados no mutirão oferecido pelos professores e alunos da UFMG, em junho de 2013, apenas um continua lá.

As fotos da época da castração mostram que, nesses meses, ele regrediu. Está mais triste e visivelmente abatido. Os outros que foram preparados para adoção naquele dia ganharam nova chance.

Até o Tobi, um cachorro de duas pernas e meia conseguiu quem o salvasse. Na última foto, o menino já em sua nova casa.

Mas o médio Valente (nome que ganhou na época) continua lá. Não será por muito tempo, já que em um abrigo, eles não costumam ter vida longa. Nossa esperança é que esta matéria mude a vida dele.

Não é justo, pra nenhum deles, morrer em um abrigo. Ali é um lugar frio e ninguém chora nas despedidas. Não foi pra isso que evoluíram. Eles precisam de donos, precisam ser estimados, precisam partir acreditando que valeu a pena o dia que seus antepassados se aproximaram de nós.

Se alguns sentem mais o peso do abrigo, outros parecem conformados. Este pretinho sorridente também chegou a ser fotografado em ocasiões anteriores.

Ele já foi arredio mas hoje mostra-se muito dócil e já busca os afagos. Numa ocasião anterior, cheguei a retirar do abrigo seu amigo lourinho, que dias depois acabou adotado.

Já o Neguinho, como era arredio naquela ocasião, acabou ficando.

De todos os reencontros, este foi o mais angustiante. Na primeira vez que fotografei esta cadelinha, ela havia acabado de chegar e estava com o corpo tomado por sarna.

Naquela ocasião, dei a ela o nome de Pitucha e esperava que a matéria tivesse a força de mudar a vida dela.

Infelizmente, ela continua por lá e continua infestada de sarna. Está melhor que da primeira vez, mas continua triste e sarnenta.

Continua em tratamento mas, depois de 5 meses, é claro que a causa de sua moléstia é o estresse e a tristeza. Não ficará livre da sarna tão rápido, a menos que alguém lhe dê uma chance fora do abrigo.

Este amigo peludo e quase cego das fotos abaixo também chegou a ser fotografado no primeiro semestre de 2013. Naquela ocasião, ele ainda estava nos canis inferiores e teria uma chance de ser visto.

Desta vez, o encontramos no canil superior, naquele onde ficavam os que não tinham chances, aqueles aos quais os visitantes não tinham acesso, os não adotáveis.

Hoje, ao contrário daquele tempo, o canil superior é ocupado por animais ainda não castrados, recém-chegados, que ainda não estão prontos para adoção. Mas o Vovô já está pronto há muito tempo. Talvez ali seja mais seguro pra ele, com menor probabilidade de brigas.

Se ele pudesse escolher, talvez preferisse apanhar todos os dias desde que tivessem uma chance de ser adotado. O tempo dele está no fim. Não tem mais a vida inteira pela frente e precisa de adoção já.

Estranhamos que alguns ainda estivessem por lá. Animais que, se estivessem em outro abrigo ou em poder de protetores, teriam fila de pretendentes. Mas os animais da SMPA, não bastassem todos os problemas enfrentados pelo abrigo, ainda são vítimas de preconceito.

Pelo menos um deles se lembrou de mim e veio me cumprimentar, oferecendo as orelhas e pedindo carinho.

Não sabemos há quanto tempo ele não ganhava um afago, mas o fato é que ainda não esqueceu os prazeres em uma relação saudável entre homens e lobos. É possível que algum voluntário da SMPA tenha se afeiçoado a ele e lhe dê atenção diferenciada.

Dessa vez, havia poucos cães com características de alguma raça. A grande maioria era mesmo de puros SRDs, porte médio e pelo curto.

Lá estavam os que sobraram, aqueles mesmos que, em agosto, temíamos que talvez viessem a morrer no abrigo porque ninguém os queria.

E tudo indica que continuam sem encontrar quem os queira. Alguns conseguem ser felizes apesar de tudo. Não sabem onde estão.

Muitos daqueles cachorros comuns são os mesmos, mas seria impossível lembrar de todos os focinhos.

Entre os novatos, muitas surpresas.

Lia é uma Pit Bull muito dócil, que abana o rabinho e faz festa pra qualquer um que se aproxime de seu canil.

Infelizmente, é pouco sociável com outros de sua espécie e, por isso, precisa ser filha única. Mas acreditamos que há uma chance pra ela. Só precisa ser filha única, mas pode ser a melhor de todas.

Pretinha é uma mãezinha que foi atropelada quando ainda estava prenhe e teve a perna esmagada. Foi resgatada e chegou à SMPA, onde, enquanto ainda se recuperava do grave ferimento em sua perna, pariu dois filhotinhos, um já sem vida.

Tonico é o único sobrevivente e tem crescido forte. Afinal, são 8 tetas só pra ele. Desnecessário enfatizar que eles teriam melhores chances fora do abrigo.

Pretinha e Tonico ganharam atenção especial, com direito a beijos e juras de amor eterno. Vai saber o que isso vai dar.

Nos canis de isolamento, estão animais bravos e pouco sociáveis, como o Brutus, um Akita gigante.

Ele está muito bem cuidado e chegou há pouco tempo ao abrigo. Acreditamos que seus donos podem estar procurando por ele.

Ao lado dele, Zulu, um SRD meio misturado com Fila.

Ainda não sabemos se eles são bravos ou se estão apenas assustados e estressados. Na próxima semana, eles vão receber a visita do Gaspar (gasparadestrador@yahoo.com.br), um adestrador que, por amor aos lobos, tentará ajudá-los.

Infelizmente, nem todos puderam receber a vacina. Dos 190 cães, pelo menos uns 20 precisaram adiar a imunização.

É que estavam muito debilitados e em tratamento. Alguns talvez não cheguem a ficar bons.

No canil dos sarnentos, nenhum deles pôde receber a vacina, por razões óbvias. Eles se posicionavam na grade, pulando e pedindo que fossem eleitos.

Claro que não pediam vacinas. Eles queriam atenção e afagos, mas não havia tempo pra isso.

Dentre os novatos, uma diversidade de temperamentos. Havia os mais tristes, os mais assustados, os tímidos, os felizes, os sociáveis e os carentes.

Todos os lobos estão ali representados. Do Alfa ao Ômega.

Alguns são desconfiados. Eles nos olham de longe, não buscam aproximação nem esboçam reação. Pra eles, humanos não significam nada. Eles são indiferentes à nossa presença.

Não mordem, não fogem e aceitam as vacinas sem muita resistência. Alguns aceitam os afagos, mas sem retribuir. Ainda não aprenderam sobre sua própria evolução.

Tico é um lobinho pequeno entre grandões. Ele parece um mestiço de Pinscher ou qualquer outra coisa pequena. É também desconfiado, mas daquele que se jogaria em qualquer colo se sentisse confiança.

Bob é um cão médio e jovem. Não deve ter mais que um ano. Deveria ter ainda comportamento de filhote, mas tem medo de gente.

Todos eles mereciam uma nova chance. Se uns são desconfiados e arredios, a grande maioria é de animais dóceis e afáveis. Muitos se aproximam e pedem carinho. Eles são carentes demais pra terem qualquer tipo de cerimônia.

Basta um pouco de atenção e trela pra eles se soltarem e brincarem como filhotes. Nada pode ser mais triste que ver um cachorro cheio de pelos brancos no focinho pedindo carinho e ensaiando brincadeiras, mordiscando os sapatos ou as roupas dos visitantes.

É certo que, em algum momento, talvez na infância, eles tiveram esse vínculo estreito com os donos.

Entre os pequenos, estão os três irmãozinhos. Kiko, Kika e Cuca. Na verdade, não sabemos se têm algum parentesco.

Parecem mestiços de Cocker, são dóceis e jovens. Por enquanto, ainda não foram atingidos pela tristeza ou depressão, que geralmente atacam os cãezinhos mais frágeis quando são deixados no abrigo.

Este lobo abaixo lembra um certo Cabeludo que um dia retiramos de lá e hoje vive feliz, ao lado do grande amigo que decidiu dar a ele uma nova chance.

Pra quem não tem preconceito, a SMPA está repleta de SRDs de porte médio. Precisamos lembrar que eles estão agora vacinados (rábica e óctupla), com exame negativo para leishmaniose, castrados e microchipados.

Este cãozinho abaixo vai chamar Frederico. Ele já não tem a visão de seus 20 meses. Talvez não seja nada grave e possa ser revertido, mas em um abrigo como a SMPA, não há como dar tratamento especializado e diferenciado para cada animal.

São muitos. Queríamos conseguir inserir aqui pelo menos uma foto de cada um daqueles cães, mas vão aí apenas alguns representantes eleitos. Através deles fazemos mais um apelo. Já não temos mais a ilusão de que conseguiremos adotantes para todos, mas se alguns deles tiverem uma nova chance, já terá sido mais um passo.

Esta lobinha abaixo não deve pesar mais que quatro ou cinco quilos. Ela chegou há pouco na SMPA. Chamaremos a criança de Coelhinha, por razões óbvias.

Também recém-chegados como a Coelhinha, outros dois machinhos miúdos. Eles são Toni e Bidu. Toni é pretinho e mestiço de Pinscher de rabinho cortado e o Bidu é um mix de Fox Paulistinha.

Ainda que a matéria se estenda além do razoável, não podemos deixar de mostrar olhares tão tristes.

E não podemos também esquecer dos filhotes. Pelo menos uns 20, sendo que mais da metade são pretos.

Mesmo com tão pouca idade, eles se mostram assustados e tristes. Não mereciam estar ali e não terão futuro. Apesar disso, alguns ainda se aproximavam pra demonstrar afeto. Talvez um pedido pra ser adotado.

Nenhum filhote nos causou tanta angústia quanto o Edgar. O que levaria um filhote de apenas três meses a desenvolver problemas nos olhos a ponto de ficar cego?

Não sabemos o que ele tem, nem se o problema é reversível. Oftalmologista está muito além das possibilidades de um cão da SMPA.

Se for adotado, talvez possa voltar a ver, mas precisamos reconhecer que voltar a enxergar é o menos importante. Deixar o abrigo e ter uma segunda chance com uma família que o receba é o mais importante. O que ele precisa agora é da oportunidade de viver.

Há também outra turma especial por lá. São os ases da fuga. Vez ou outra nasce um lobo com habilidades especiais para escalar muros, grades, telas, árvores e por aí vai. E a SMPA tem sete desses por lá.

Por isso eles estão hoje confinados em um gatil, com tela no teto. Não há um só canil na SMPA que os segure. Este malhado é a versão Paco da SMPA. Será chamado de Paco, é claro.

Miguel é este Poodle de capa preta. Ele é um dos fugitivos ocupantes do gatil. Precisam de espaço mas, sobretudo, de uma casa bem segura, com muros altos e portões bem fechados.

O mutirão chegou ao fim e conseguimos mostrar uma boa parte dos cães. Esperamos mesmo que esta matéria tenha alcance pra transformar algumas daquelas vidas.

Queremos nos despedir com essa imagem. Foi uma manhã inteira de trabalho mas, para as meninas, parece que foi pouco. Ninguém tinha pressa de ir embora.

Ao final dos trabalhos, elas se reuniram e combinaram de voltar na semana seguinte para doar um pouco mais àqueles cães.

Dessa vez, nada de vacinas. Elas darão assistência individual àqueles que mais necessitarem.

Os sarnentos agora terão vez. Eles ganharão banho e colo. Para aqueles mais cabeludos e embolados, uma boa tosa na tesoura dará a eles mais conforto no calor de um dos verões mais quentes dos últimos tempos.

Curativos e antissépticos vão amenizar algumas dores. Por lá não faltam machucados. Otites só são notadas quando já estão mais avançadas. Como examinar clinicamente quase 200 animais? Infelizmente, faltam voluntários.

Não estaremos presentes nesse novo mutirão, mas as fotos que forem feitas serão aqui divulgadas.

Necessário aqui abrir mais um espaço. Um dia, prometi a mim mesmo que nunca mais faria matérias na SMPA sem passar pelo gatil. Os problemas com os cães são tantos que os tigres acabam ficando para segundo plano.

E agora não seria diferente. Pra eles não tínhamos vacinas. Mesmo assim, era preciso mostrá-los, para que as pessoas saibam que a SMPA também tem gatos e que eles também são esquecidos.

Assim que entramos no gatil, as atenções se voltaram para a mais dócil daquele recinto. Ela veio ao nosso encontro pedindo colo e ronronando.

Um detalhe não podia passar desapercebido. Ela tinha uma das pernas esmagada, possivelmente em razão de um grave atropelamento.

A ferida era antiga mas acabou cicatrizando sozinha, sem que sequer os ossos fossem posicionados. O resultado é que ela tem a perna esticada. Não sente mais dor, mas definitivamente não tem a mobilidade que deveria ter uma gatinha jovem como ela.

É possível que uma cirurgia ortopédica fosse capaz de dar a ela maior autonomia, mas essa não é uma realidade acessível a animais de um abrigo com tantos problemas como a SMPA.

Soubemos que ela chegou por lá faz pouco mais de uma semana. Já chegou assim. O que mais dói é a docilidade dela, que chega mesmo a buscar o colo de qualquer um que entra pelo portão do gatil.

Minie não foi uma gata de rua. No máximo uma semidomiciliada. Ela é carinhosa demais e não tem cerimônia com ninguém. Não aprendeu a temer humanos.

É possível que o atropelamento tenha acontecido em um de seus passeios diários. Talvez ela tenha se refugiado ou se perdido após o acidente, mas talvez seus donos não tivessem condições financeiras de dar a ela a assistência médica que precisava.

Mas o passado já não importa, ela precisa de um futuro.

Junto com ela, muitos outros, entre adultos e filhotes. As coisas parecem mesmo ter mudado por lá. Dessa vez, todos eles estavam aparentemente muito bem, alimentados e saudáveis.

E, por fim, a exemplo de nossa primeira visita à SMPA, se esperamos incentivar protetores a ajudar aqueles animais, precisávamos, mais uma vez, puxar a fila.

Na enfermaria, no último box, uma cadelinha muito machucada. Ela gritava, latia e mostrava os dentes pra qualquer um que se aproximasse. Parecia deixar claro que não queria a aproximação com ninguém.

Havia chegado há poucos dias e estava sendo tratada. Chegou por lá com metade da cabeça comida por miíase. Uma boa parte de uma das orelhas já estava comida.

Pelo menos duas pernas estavam também afetadas pelos bichos.

Demos a ela o nome de Aninha. Ela não pôde receber a vacina, em razão dos fortes medicamentos que vinha tomando.

A segunda chance dela está agora a caminho. Deixamos a SMPA com a Aninha nos braços. Ela é agora a mais nova protegida do Projeto O Lobo Alfa e está sob os cuidados do Dr. Mário Renó, na Vet Master. Assim que receber alta médica, já tem um lar temporário que a receberá de braços abertos pelo tempo que ela precisar.

Esclarecemos que não há aqui qualquer crítica aos veterinários da SMPA, que se desdobram pra fazer o que podem, mas médicos não fazem milagres e a SMPA não tem estrutura para casos mais complexos. Aos problemas já enfrentados pela ONG, soma-se o descaso de uma sociedade inteira, que continua deixando animais na porta do abrigo, que continua se livrando de seus bichos.

A Aninha tem um longo tratamento pela frente. É possível que venha a perder a audição de um dos ouvidos. Mas, como ela é peludinha, talvez não fiquem marcas muito evidentes de seu passado.

Ela é jovem e bem pequenina. Deve pesar uns 5 quilos no máximo. Descobrimos também que a braveza que ela mostrava quando a conhecemos era apenas defesa. Ela tremia de medo.

Já dentro do carro, antes mesmo que chegássemos à Vet Master, eu conversava com ela e já ouvia o balançar de seu rabinho batendo na caixa de transporte.

Teremos em breve uma matéria especial só da Aninha, mostrando a saída da clínica, a chegada em nossa casa, a recepção de nossa matilha e o que mais for possível mostrar. Ela será muito feliz e terá os melhores donos que pudermos encontrar pra ela.

Por hora, fica a torcida pra que esta matéria chegue à gente com disposição de ajudar e de receber pelo menos um daqueles cães.

Registra-se aqui nosso muito obrigado a cada um que tornou tudo isso possível: aos voluntários, aos doadores e, antecipadamente, àqueles que ajudarão na divulgação dessa matéria, na tentativa de mudar alguns destinos.

Contato para adoção: (31) 3433.0900 (das 9h às 11h e das 13h30 às 16h).

Rua Jaguariba, nº 66, Bairro Guarani, em Belo Horizonte.

Horários: de 2ª a 6ª, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 16h30.

Sábados: das 9h às 12h.

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